mente ocupada, corpo distraído...

quinta-feira, novembro 25, 2004


Sexta, 27 de Novembro 2004

domingo, novembro 21, 2004

Chapéus há muitos

Confesso que estou bastante admirado com os comentários ao post “Parvos”. Tão admirado que levei algum tempo a pensar se deveria escrever estas palavras ou não. No meio de inevitáveis e anónimas agressões entre gerações, propostas à pirataria, etc, estão alguns comentários que mereçem uma atenção redobrada. Não desfazendo os restantes, o comentário do Hugo Bastos, último até à data, toca em feridas com risco de infecção.
Falemos da Cultura em Portimão, no Marginália e na admirável capacidade que temos de não conseguirmos concentrar as nossas energias num objectivo comum.
Portimão tem evidentes carências culturais. Muito pelo facto de não existirem infra estruturas capazaes de absorver actividades culturais com maior qualidade. É claro que este facto só por si não desculpa o facto de não se fazer uma programação equilibrada de maneira a envolver o maior número de cidadãos possivel, independentemente dos seus gostos. A construção do Forum Cultural e do Museu Municipal pode abrir as portas da cidade a eventos que a projectem de forma mais consistente. Portimão tem pessoas e projectos suficientemente válidos para movimentarem estas estruturas e, paralelamente, promover um turismo de maior qualidade. É urgente colocar a nossa cidade na rota dos eventos de expressão nacional e internacional. Investir na vida dos habitantes é vital, pois torna a cidade muito mais forte e atractiva. E isso atrai pessoas que gostam de visitar cidades com vida própria e consequentemente atrai investimento que por sua vez faz aumentar a qualidade de vida dos habitantes. Isto pode parecer um discurso politico, mas a intenção não é essa. Ser apartidário não quer dizer que não se tenha uma opinião do que se passa à nossa volta. Não colo cartazes nem faço intrigas de bastidores. Melhorar uma situação depende não só do poder politico, mas também da população. Portanto os habitantes duma cidade têm obrigatóriamente de se envolverem no esforço de melhorar a cidade.
E é neste ponto que podemos analizar o que se passa, ou não se passa, no Espaço Marginália. Quase que estou tentado em dizer que o Marginália é a altenativa que Portimão merece. Cansada, desiludida e farta de discutir coisas sem interesse nenhum. É claro que quando iniciamos este projecto estavamos cientes das dificuldades. Nunca pensamos que seria tão dificil. São as bebidas que são caras, são os projectos que trazemos que não são bons, são problemas internos que resultam do desgaste natural, é a música que faz levantar mortos, é a imagem de um rato a correr numa daquelas tombolas para ratos correrem. Correm e não saem do mesmo sitio. Enfim. É realmente dificil fazer um espaço que seja alternativo e que complemente aquilo que existe. É mais fácil criar um espaço igual a todos os outros. Com a mesma música dos outros e com entrada proibida a pessoas de sapatilhas. É claro que isto não é desculpa para não se fazer uma programação equilibrada.
Foram perdidas demasiadas oportunidades e, como o Hugo escreve no seu comentário, a homenagem ao Rui Belo foi a mais descarada. E realmente caíu-se numa contra-cultura fácil. Não por desconhecimento, não por falta de vontade, mas por cansaço. Este esforço de fazer algo de consistente e continuado acabou por nos desgastar financeiramente, mas mais importante acabou por nos desgastar emocionalmente. Organizar eventos custa dinheiro. Por incrível que pareça. Mas o pior é que só custa a quem os organiza, quem consome quer de borla. Chegamos até a pensar organizar alguns eventos em que pagavamos às pessoas para assistirem. Desistimos à última hora. Deixando a ironia de parte. Vamos iniciar uma nova fase, ou seja a fase inicial. Mais séria, mais consistente, mais equilibrada e de uma forma mais continuada. Claro que se não resultar vamos mudar o Marginália para a Gronolandia que de certeza é mais viável. Sabemos perder. Baixar os braços, olhar o chão e voltar as costas. Mas isso só ira acontecer depois de levarmos muita porrada.
É da responsabilidade das gerações mais novas mudar as coisas que acham mal. As gerações anteriores? Uns resistem, outros nem por isso. As mudanças têm de ser lógicas. Mudar por mudar não interessa, é preciso mudar para melhor.

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